Preço do café dispara e pode ficar mais alto nos próximos meses
Aumento de 70% no valor do grão arábica em 2024 expõe produtores a dificuldades
06/12/2024 - 10:21
Foto: Reprodução - Adam Lulac/Pexels
O aumento expressivo no preço do café arábica, registrado em 2024, trouxe alívio para muitos produtores, mas revelou também desafios inesperados. Minas Gerais, maior estado produtor do Brasil e referência mundial no cultivo da commodity, está no centro dessa turbulência, com exportadoras enfrentando dificuldades para manter suas operações financeiras.
Nos últimos meses, o preço dos futuros do café arábica subiu cerca de 70%, alcançando o maior patamar em mais de 40 anos. Apesar de uma leve queda recente, o impacto nos custos de operação já é significativo. Empresas como a Atlântica Exportação e Importação, responsável por 8% das vendas brasileiras de café arábica, buscaram na Justiça um prazo adicional para negociar dívidas com credores. A Cafebras, sua empresa irmã, segue o mesmo caminho.
Marcelo Moreira, especialista da Archer Consulting, destaca o clima de instabilidade. “O pânico tomou conta do mercado com rumores de que outras tradings também podem enfrentar sérios problemas”, afirmou. As constantes exigências de chamadas de margem pelas corretoras obrigam produtores a depositar mais recursos para cobrir riscos, criando um ciclo que pressiona ainda mais os preços.
Em novembro, estima-se que US$ 7 bilhões tenham sido direcionados para essas chamadas, segundo Moreira. O Grupo Montesanto Tavares, que controla a Atlântica e a Cafebras, viu o custo para manter as operações de hedge saltar de 74% para 158% dos recebíveis desde maio. “As constantes chamadas de margem tornaram a estrutura de caixa de curto prazo insustentável”, aponta documento judicial da empresa.
Com um mercado aquecido e riscos financeiros crescentes, a crise no setor cafeeiro brasileiro pode se agravar, refletindo diretamente na economia e nos preços do café no mercado interno e externo.