Bares, escolas e igrejas vão poder receber denúncias de violência as mulheres

O estado do Piauí pretende seguir o protocolo “No Callem”

23/02/2023 - 08:34

O secretário Estadual de Segurança Pública, Chico Lucas, informou que um dos pontos discutidos no protocolo de combate à violência contra as mulheres é a capacitação de bares, restaurantes, escolas e igrejas para receberem denúncias de violência contra a mulher.

O estado do Piauí pretende seguir o protocolo “No Callem” que foi criado em 2018 na Espanha, mas que recentemente ganhou repercussão com o caso do jogador Daniel Alves, que está sendo investigado por estupro de uma mulher. Um dos pontos fundamentais para esse caso foi a atuação da boate onde aconteceu o suposto estupro, que atendeu a vítima e acionou a polícia.

Na Espanha, os locais que aderem ao protocolo, as equipes recebem treinamento para combater a violência e no atendimento das vítimas. 

No Piauí, o secretário explicou que o protocolo que está sendo elaborado deve ser entregue em março, e que um dos pontos de discussão é exatamente ter a participação de espaços de lazer e de outros ambientes no atendimento das vítimas. 

O secretário de Segurança Pública disse ainda que um dos objetivos é reduzir o subregistro de casos, garantido para as mulheres mais canais para denunciar.

“Nós vivemos em uma sociedade machista, misógina onde os homens se sentem donos das mulheres, ainda praticam violência, e é isso que a gente tem que reverter, isso cabe a todos nós, principalmente na prevenção e na educação. Estamos discutindo esse protocolo, temos um grupo de trabalho com várias entidades, movimentos, e o mais importante é facilitar o registro de ocorrências. Percebemos em pesquisas feitas, que mais da metade das mulheres vítimas de violência não comunicam o fato, seja porque acha que o agressor não vai voltar a repetir, ou ela dá uma segunda oportunidade, ou ela desacredita do sistema. Por conta disso queremos facilitar o registro para responsabilizar quem comete crimes. Para se ter uma ideia, mais de 90% dos feminicídios do ano passado foram de mulheres que não registram a  violência do parceiro, então boa parte das ocorrências criminosas nem chegam as autoridades policiais. Precisamos abrir esse debate, chamar a sociedade, bares, restaurantes, escolas, igrejas, todo mundo tem o dever de comunicar uma violência doméstica. Aquela frase de que que 'briga entre marido e mulher não se mete a colher', atrapalhou muito, e agora nós temos o dever de nos meter, de ajudar a vítima de violência”, destacou.

 

Fonte: CV