Pedida quebra do sigilo bancário e cassação do prefeito Edilson Capote.
Em nota, o prefeito disse que essa ação não atrapalha o seu trabalho na administ
08/07/2021 - 10:50
O Ministério Público Eleitoral no Piauí, através do promotor Silas Sereno Lopes, ajuizou Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) no dia 26 de fevereiro deste ano contra o prefeito de Barras, Edilson Capote, e sua vice Cynara Cristiana, que estão sendo acusados de abuso de poder econômico e compra de votos. Nessa ação é pedida a quebra do sigilo bancário dos denunciados, além da cassação dos diplomas do prefeito e da vice.
Também foram denunciados os vereadores Roberto Rene Lages Veras, Jovelina Furtado Castro, Antonio Leite Neto, Irlandio Sales dos Santos, Maria da Solidade Alves da Cunha e José do Nascimento Cavalcante.
Dentre as provas apresentadas pelo Ministério Público, estão trechos de conversas de alguns dos envolvidos no processo.
De acordo com a denúncia, no dia 09 de janeiro de 2020, Edilson Capote promoveu festa de enormes proporções com presença de aproximadamente três mil pessoas, equivalente a mais de 5% da população, número estimado pelo próprio investigado em declarações prestadas na sede da Promotoria de Justiça de Barras.
Além disso, consta que Capote explorou positivamente sua imagem ao condicionar a entrada ao evento à doação de um quilo de alimento não perecível, fato que lhe possibilitou a arrecadação de três mil cestas básicas/quilos de alimentos e, consequentemente, a distribuição do alimento junto à população em geral e a potenciais eleitores.
Durante o processo eleitoral, o Ministério Público foi comunicado sobre esquema de compra de apoio político operado por Edilson Capote e por seus apoiadores. “O esquema, segundo relatado, consistiria na 'compra' da liderança política para apoio e transferência de voto: as investigações confirmaram boa parte das informações iniciais bem como variados tipos de ilícitos eleitorais, inclusive crimes de corrupção eleitoral, transporte ilegal de eleitores entre outros”, diz trecho da denúncia.
O juiz da 98ª Vara de Teresina determinou expedição de mandados de interceptação telefônica e de busca que foram de fundamental importância na apuração, alcance e entendimento da teia ilícita montada por Edilson Capote, por seus apoiadores bem como pelos demais investigados.
“Foi constatada intensa prática de abuso de poder econômico perpetrado pelos investigados, de variadas formas, estratégica e hierarquicamente ordenada, no 'varejo' e também com cooptação de lideranças políticas e comunitárias e com distribuição de dinheiro feita por Edilson Capote, por intermédio do seu irmão, Wilson Sérvulo de Sousa, para os investigados Roberto Renê Lages Veras (vereador em busca de reeleição), Jovelina Furtado (vereadora em busca de reeleição), Antônio Leite Neto (vereador em busca de reeleição), com operacionalização de caixa dois, entrega de combustível, promessa de cargos para eleitores e apoiadores, transporte de eleitores feita em massa, inclusive vindos de outros municípios como Teresina e União, compra de medicamento, utensílios domésticos”, apontou o Ministério Público.
Segundo o promotor Silas Sereno, Edilson Capote tomou muitas cautelas para não ser flagrado em áudios de interceptação telefônica, contudo, nada impediu a constatação de sua participação evidente em decorrência do conjunto de ações ilícitas operadas por seus apoiadores diretos e próximos, pois, 'a esposa/companheira do prefeito eleito, Edilson Sérvulo, senhora Edineida teve celular apreendido em cumprimento de mandado de busca e apreensão e, a partir da extração dos dados há importante prova de abuso de poder econômico consistente em dispêndio de vultoso valor para compra de combustível'”.
É relatado ainda que uma mulher de nome Socorro, funcionária de um posto de gasolina, no dia 18 de novembro de 2020, solicitou o pagamento de R$ 47 mil, como consta em imagem extraída do celular da esposa/companheira de Capote.
O Ministério Público também apontou a existência de mensagens trocadas sobre notas de combustível, sendo que em uma delas, uma pessoa de nome Edineida diz que Capote está devendo muito combustível e solicita o depósito “daquele negócio” com posterior exclusão da resposta dada pela futura primeira dama do município de Barras.
“Estranha e criminosamente, na prestação de contas do investigado não apresenta um centavo de real com despesa de combustível”, destacou o promotor Silas Sereno.