Coronavírus, gripe e dengue: por que Brasil pode enfrentar 'tempestade perfeita' com alta de 3 doenças

Coronavírus, gripe e dengue: por que Brasil pode enfrentar 'tempestade perfeita'

02/04/2020 - 08:42

O Brasil deve ser atingido por uma "tempestade perfeita" nos próximos dois meses. Isso porque parte do país deve enfrentar um aumento da incidência de três doenças: a covid-19, causada pelo novo coronavírus, a gripe comum e a dengue.

Foto: Andre Coelho/Getty 

A expressão, "tempestade perfeita", foi usada na semana passada por Wanderson Oliveira, secretário nacional de Vigilância em Saúde, quando alertou, em entrevista coletiva, que "vamos ter o coronavírus, que é novo, vamos ter a influenza [gripe], que é rotina todo ano, e também vamos ter o pico da dengue... Estamos com três epidemias simultâneas".

O aumento dessas três doenças pode impactar ainda mais o sistema de saúde brasileiro. A tendência é que subam os números de atendimentos e internações por quadros graves, pressionando os recursos do sistema de saúde pública.

Se, por um lado, as infecções por coronavírus estão aumentando — já são 240 mortes e mais de 6,8 mil casos confirmados até quarta-feira, segundo o Ministério da Saúde —, por outro, a incidência de dengue, transmitida pelo velho conhecido mosquito Aedes aegypti, também tem registrado um crescimento preocupante.

O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde diz que o Brasil já registrou, até 21 de março deste ano, pouco mais de 441 mil casos prováveis de dengue — aqueles que são notificados à pasta pelos Estados, mas ainda precisam de confirmação por meio de resultados de exames.

Ao menos 120 pessoas morreram da doença no período — é possível que esse número de mortos seja maior, pois há dezenas de casos suspeitos que ainda necessitam de confirmação.

Segundo o Ministério da Saúde, historicamente o pico de registros de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, ocorre nos meses de abril e maio.

Ou seja, se o cenário já parece ruim, ele tende a piorar nos próximos 60 dias, coincidindo com a provável alta de casos de covid-19 e de influenza, que também costuma crescer e causar mortes conforme a média da temperatura diminui em vários Estados.

A própria influenza costuma causar centenas de vítimas no país. No ano passado, o Brasil registrou 1.122 mortes pelos três tipos de influenza, segundo o Ministério da Saúde.

Fonte: BBC News Brasil